Como a utilidade marginal se relaciona com as curvas de indiferença em microeconomia?

Publicado por Javier Ricardo


A importância da análise da curva de indiferença para a teoria microeconômica do consumidor neoclássica dificilmente pode ser exagerada.
Até o início do século 20, os economistas foram incapazes de fornecer um caso convincente para o uso da matemática, particularmente do cálculo diferencial, para ajudar a estudar e explicar o comportamento dos atores do mercado. A utilidade marginal era vista como inegavelmente ordinal, não cardinal e, portanto, incompatível com as equações comparativas. As curvas de indiferença, de maneira um tanto controversa, preencheram essa lacuna.

Utilidade Ordinal e Marginal


Após a revolução subjetivista no século 19, os economistas foram capazes de provar dedutivamente a importância da utilidade marginal e destacar a lei da utilidade marginal decrescente.
Por exemplo, um consumidor escolhe o produto A em vez do produto B porque espera obter mais utilidade do produto A; utilidade econômica significa essencialmente satisfação ou remoção de desconforto. A segunda compra necessariamente traz menos utilidade esperada do que a primeira, caso contrário, eles as teriam escolhido na ordem inversa. Os economistas também afirmam que o consumidor não fica indiferente entre A e B pelo fato de ter optado por um em detrimento do outro.


Esse tipo de classificação é ordinal, como primeiro, segundo, terceiro, etc. Não pode ser convertido em números cardinais como 1,21, 3,75 ou 5/8 porque a utilidade é subjetiva e não tecnicamente mensurável.
Isso significa que as fórmulas matemáticas, por serem de natureza fundamental, não se aplicam de forma clara à teoria do consumidor.


Curvas de indiferença


Embora existissem noções de feixes de indiferença na década de 1880, o primeiro tratamento das curvas de indiferença reais em um gráfico veio com o livro de Vilfredo Pareto, “Manual de Economia Política”, em 1906. Pareto também foi o autor do conceito de eficiência de Pareto.



Os teóricos do pacote de indiferença disseram que a economia do consumidor não precisava de números cardinais;
preferências comparativas do consumidor poderiam ser demonstradas estabelecendo preços de bens diferentes em termos uns dos outros ou pacotes uns dos outros.


Por exemplo, um consumidor pode preferir maçãs a laranjas.
No entanto, eles podem ser indiferentes entre ter um conjunto de três laranjas e duas maçãs, ou outro conjunto de duas laranjas e cinco maçãs. Essa indiferença demonstra igual utilidade entre os conjuntos. Os economistas podem calcular a taxa marginal de substituição entre diferentes bens.


Usando isso, uma maçã pode ser expressa em termos de frações de laranjas e vice-versa.
A utilidade ordinal pode então, pelo menos superficialmente, dar lugar aos números cardinais. Por meio disso, os microeconomistas obtêm algumas conclusões menores, como a existência de conjuntos ótimos, dadas as restrições orçamentárias, e algumas conclusões principais, incluindo que a utilidade marginal pode ser expressa em magnitudes por meio de funções de utilidade cardinais.

Suposições e possíveis problemas


Esse argumento se baseia em algumas suposições que nem todos os economistas aceitam.
Uma dessas suposições é chamada de suposição de continuidade, que afirma que os conjuntos de indiferença são contínuos e podem ser representados como linhas convexas em um gráfico.


Outra suposição é que os consumidores consideram os preços exógenos, também conhecida como suposição de tomada de preços.
Esta é uma das premissas mais importantes da teoria do equilíbrio geral. Alguns críticos apontam que os preços são necessariamente determinados dinamicamente tanto pela oferta quanto pela demanda, o que significa que os consumidores não podem estar cobrando preços exógenos. As decisões dos consumidores pressupõem os próprios preços que suas decisões afetam, tornando o argumento circular.