Por que as empresas de bebidas estão interessadas na cannabis?

Publicado por Javier Ricardo


Era um casamento prestes a acontecer. 


Atraídas pela perspectiva de um novo mercado, empresas multinacionais de bebidas importantes estão fazendo incursões na indústria da cannabis.
Depois do tabaco, eles são a segunda indústria a demonstrar um grande interesse pela cannabis. 


A Coca Cola Inc. (COKE) está de olho em uma possível entrada na indústria da cannabis ao infundir canabidiol (ou CBD como é popularmente conhecido) a partir da cannabis em “bebidas funcionais de bem-estar em todo o mundo”.
A pesquisa preliminar indicou que o CBD tem benefícios médicos significativos no tratamento de distúrbios neurológicos. Também não é psicoativo, o que significa que não tem um efeito adverso na percepção de uma pessoa sobre o que está à sua volta. 


A Constellation Brands (STZ), que fabrica as cervejas Corona e Modelo mais vendidas, também se destacou no ano passado ao adquirir uma participação de 10% na maior produtora de cannabis do Canadá, Canopy Growth Corp. (CGC).
Segundo relatos, a cervejaria planeja desenvolver bebidas com infusão de cannabis. 


Duas outras cervejarias também aderiram à festa da cannabis.
A cervejaria holandesa Heineken lançou o Hi-Fi Hops, que está disponível em alguns dispensários de maconha medicinal na Califórnia, por meio de sua marca americana Lagunitas. Em vez de álcool, a bebida, que tem gosto de cerveja, contém tetrahidrocanabinol (THC), um agente psicoativo da cannabis. 


Depois, há a Molson Coors Brewing Company (TAP), sediada em Denver, que fez parceria com a marca canadense Hydropothecary.
Ambas as empresas planejam “buscar oportunidades para desenvolver bebidas não alcoólicas com infusão de maconha para o mercado canadense após a legalização”. 

Por que os gigantes das bebidas estão entrando na indústria da cannabis? 


Existem alguns fatores que impulsionam a decisão dos fabricantes de bebidas de entrar na indústria da cannabis. 


Primeiro, existe o tamanho do mercado.
De acordo com as últimas estimativas do Brightfield Group, espera-se que a indústria da cannabis valha US $ 22 bilhões até 2022. Conquistar até mesmo uma fração desse mercado pode impulsionar os lucros dos fabricantes de bebidas. 


Esse número parece ainda mais atraente em um momento de queda nas vendas nos estados que legalizaram a maconha.
Um estudo longitudinal recente descobriu que as vendas de álcool diminuíram 15% no período entre 2006 a 2015 em estados legalizados com maconha. Marcas conhecidas, como Heineken e Molson Coors, estavam entre as empresas que testemunharam quedas nas compras. 


Em segundo lugar, novas bebidas, que incorporam maconha, podem revigorar linhas de produtos moribundos que podem parecer obsoletos para os clientes da geração Y que desejam novidades.
De acordo com este artigo da Bloomberg, os fabricantes de cerveja e empresas de bebidas estão preocupados com o “efeito substituição” em que seus clientes trocam suas bebidas habituais por uma bebida de THC que lhes fornece uma alta similar, mas sem as calorias. A inovação é a chave para evitar esse efeito. Em uma entrevista à CNBC em julho, o CEO da Canopy, Bruce Linton, forneceu detalhes adicionais sobre sua bebida de cannabis, que deve chegar aos mercados canadenses no próximo ano. “Esperamos que possamos fazer bebidas e essas bebidas não serão calóricas, farão com que você se sinta otimista”, explicou ele. A bebida proposta pode conter até 80 misturas diferentes de canabinóides, disse ele.